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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Olimpíada de Língua Portuguesa 2010

Para vencedores, ganhos de participar da Olimpíada de Língua Portuguesa vão muito além da premiação

Ouvir professores e alunos premiados na última edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, em 2008, dá uma dimensão do aprendizado proporcionado pela experiência e mostra que vale a pena participar do concurso, cujas inscrições foram prorrogadas até o dia 7 de junho. A Olimpíada é uma iniciativa do Ministério da Educação, em parceria com a Fundação Itaú Social, com a coordenação técnica do Cenpec. Além da premiação de textos produzidos por alunos de escolas públicas, também inclui ações de formação, presencial e a distância.
    Para Vanicléia Rebelo, de Tamboara (PR), professora de Mariane Cheli, uma das vencedoras na categoria artigos de opinião, participar do concurso foi uma experiência inesquecível. "Até hoje eu me emociono quando lembro de tudo o que aconteceu. Pra mim, foi a maior conquista que eu tive na minha vida pessoal e profissional", considera ela, que acumula 15 anos na carreira. Ter uma aluna entre as finalistas da premiação possibilitou a Vanicléia ir a São Paulo e a Brasília, ocasiões em que teve a oportunidade de conhecer professores e alunos de todo o País. "Eu até me esqueço do prêmio material que a gente ganhou [computador e impressora para os alunos e professores vencedores]. Eu sempre me lembro mais dessa outra parte: de conhecer outros lugares, outras pessoas, viver aquela emoção... Foi muito bom". Além da oportunidade de vivenciar tudo isso, a participação na Olimpíada foi um valioso aprendizado profissional. Vanicléia afirma que o material recebido pela escola e as oficinas das quais participou para o trabalho com gêneros textuais contribuíram muito para o aprimoramento da sua prática em sala de aula.
    O material, aliás, é um dos pontos altos da Olimpíada. O da segunda edição está sendo distribuído para todas as escolas do País (em 2008, foi enviado apenas às escolas inscritas). É composto por um Caderno de Orientação do Professor, uma Coletânea de textos e um CD-ROM, cujo conteúdo pode ser ouvido, impresso ou apresentado em datashow. Na opinião da professora Maria de Fátima Monte, de Cruzeiro do Sul (AC), que também teve um de seus alunos vencedor na categoria artigo de opinião (Abraão Lima), o material facilita muito o trabalho docente. "Considero-o ótimo, pela dinâmica e praticidade das seqüências didáticas, prontas para serem aplicadas. É só seguir cada passo a risca ou adaptá-la conforme sua necessidade, recurso e tempo disponíveis", afirma. "O material é maravilhoso e super fácil de usar. Trabalho até hoje com ele, não somente a parte sobre Memória como as outras também", concorda outra professora semifinalista em 2008, Rose Narlê Oliveira Silva, de Xique-Xique (BA). "Também acesso bastante a comunidade [virtual] da Olimpíada em busca de coisas novas", complementa.
    Os professores participantes relatam ainda que, para os alunos, a leitura e escrita por meio dos gêneros favorece o aprendizado. "Em sala os alunos produzem os textos de acordo com a realidade em que vivem, facilitando muito a apropriação dos conceitos, por escreverem a partir do universo deles", pensa Rose. "Os alunos absorvem mais rápido, acredito. Eles se envolvem mais com a aula e se desenvolvem muito melhor", relata a professora Lílian Cristina da Silva, de Junqueiro (AL). Ter um aluno entre os semifinalistas ou finalistas também gera uma grande repercussão na escola e até no município, funcionando como estímulo para que cada vez mais estudantes participem. "Depois de ter participado da Olimpíada, uma pergunta constante dos novos alunos é ‘a senhora foi a professora que venceu a Olimpíada junto com o Abraão?'. Esse fato motiva-os a participarem, e também a ver a escrita de textos com outros olhos e não mais como um bicho de sete cabeças", conta Maria de Fátima. "Todos os alunos da escola agora querem participar. Eles estão mais atentos nas aulas, mais participativos e os professores de todas as matérias sentem isso", relata Daniela Fornel Teles, outra professora semifinalista.
   Chave de ouro
    Vanicléia Rebelo fala com um misto de orgulho e emoção sobre a ex-aluna, Mariane. A história de vida da menina comoveu até o ministro da Educação, Fernando Haddad, que a contou durante a cerimônia de premiação na capital federal. "Quando ele [o ministro] contou a minha história, pra mim já foi um prêmio. Todo mundo aplaudiu e depois da cerimônia o pessoal me procurou, tirou foto, me entrevistou... Foi muito bacana", conta. Filha de um cortador de cana com uma dona-de-casa, Mariane trabalhava nove horas por dia como costureira em uma fábrica de jeans e estudava à noite. "Era uma rotina muito puxada", lembra. Para escrever o artigo que a sagrou vencedora em Brasília, inspirou-se no pai. Intitulado "Cavaleiros da cana versus mecanização", o texto aborda o drama do desemprego que ronda os cortadores de cana, ameaçados pela mecanização da lavoura. O reconhecimento e a premiação na Olimpíada lhe trouxeram mais do que satisfação. Sua história apareceu no noticiário local e chamou a atenção dos donos de uma empresa da cidade, que lhe ofereceram um emprego melhor, como secretária. Sua dedicação aos estudos permitiu que ela obtivesse um bom desempenho no Enem, especialmente na redação, resultado que lhe possibilitou obter uma bolsa de estudos pelo Prouni para cursar Enfermagem em uma faculdade em Paranavaí, cidade vizinha. "Depois que eu participei, minha vida mudou completamente. Agora faço faculdade e tenho um serviço bem melhor, onde eles me valorizam. Fechei com chave de ouro o último ano de colégio", comemora.

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